quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

EU E OMAR SHARIF



Sempre que vou viajar pela Europa, antes de chegar a qualquer sala de embarque, passo sempre pela rotineira confirmação do CHECK-IN, verificação e embarque das bagagens, pelos habituais cordões de segurança e verificaçãodas bagagens de mão. E, invariavelmente, inicia-se o ritual de segurança (fico simultaneamente sem o fio, pulseira, auriculares, cinto, relógio, sapatos, telemóvel, computador portátil, máquina fotográfica, garrafa de água e quase surrealisticamente sou bombardeado com perguntas indiscretas). Normalmente sobram-me apenas as calças, a camisa,as cuecas ou rabecas e as meias que, como é óbvio, com o calor e a transpiração já cheiram a chulé!


Depois, sou sempre invadido pelo segundo ritual, chamar-lhe-ei digamos assim, de apalpamento! E não me interpretem mal, por favor! É sempre cumprido religiosa e rigorosamente por um qualquer marmanjo a quem chamam de senhor segurança.

Em certa ocasião, numa dessas viagens, em que não estava nos meus dias angelicais e serenos, saltou-me a tampa e soltei meus cães negros disparando indignado com uma pergunta lógica no meu parco inglês macarrónico: "Porque me está este senhor a apalpar com tanto entusiasmo?" Resposta pronta da sorridente senhora chefe da secção de segurança do aeroporto : -"Talvez seja porque o senhor é muito parecido com o OMAR SHARIF!"

É claro que não desarmei.Serenei e soltei um leve sorriso. Finalmente, descobrira nesse dia que tenho semelhanças com este charmoso galã romântico egípcio da década de 60.

E não pude deixar de pensar (cá para os meus botões), que hoje sou indiscutivelmente mais bonito do que ele, mas não deixa de ser uma honra ser comparado ao ícone egípcio e velho "leão"do deserto que conquistou HOLLYWOOD. Só não tive a sorte de desposar a diva egípcia FATEN HAMAMA, considerada um tesouro da terra dos faraós, com quem teve um filho TAREK el-SHARIF, e que se recusou a regressar ao EGIPTO com NASSER no poder!

Objectivamente este episódio obriga-me a rever a minha árvore genealógica!!!


DELMAR MAIA GONÇALVES
( Escritor e Presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora - CEMD)


domingo, 8 de dezembro de 2013

“MADALENA O TRADICIONAL CASAMENTO SEM AMOR”


Quando o parto de “Madalena - O tradicional Casamento sem amor” aconteceu, deixou de pertencer ao autor HOSTEN YASSINE ALI, sendo carinhosamente acariciado pelos seus leitores  cúmplices. Depois de conquistar muitos destes leitores em Portugal, eis que me surge finalmente nas mãos fresquinho, kanimambo vida que o trouxe aos meus sentidos… depois de encontros, desencontros e reencontros com o autor. Obviamente, uma grande surpresa, como de resto o próprio autor. Bons olhos o vejam!
Um jovem oficial da marinha moçambicana em Portugal, em formação superior, habituado a disciplina reclusiva e rigor, propícia ao Escritor em potência que já morava nele, foi reflectindo em torno de questões fundamentais da sociedade moçambicana e da nossa existência. Um olhar microscópico sobre realidades já conhecidas nalguns casos, mas não debatidas e eventualmente desconhecidas para outros.
Períodos longos que permitiram ao Autor um longo namoro com a escrita de que resultou este belo livro, magistralmente escrito.
O jovem Escritor Moçambicano, um Cronista de excelência e um grande romancista em potência, surpreendem pela maturidade na escrita, pelas escolhas que fez enquanto “iniciante” na literatura e pela enorme qualidade e valor estético-literário da sua obra (“Kurhula” crónicas e “Madalena- O tradicional casamento sem amor” Romance). Escolha arriscada , mas pensada. Calculo.
As tradições aqui desnudadas, muitas vezes incompreendidas são um apelo ao seu conhecimento, compreensão e descodificação.
A identidade de qualquer povo está alicerçada na língua e  num sistema de valores e tradições mais ou menos contestados, sobretudo quando se sofrem 500 anos de colonização e um combate cego, feroz e desigual (ao tribalismo, regionalismo, obscurantismo), desde 1975, e que se prolongou num longo período pós-independência até 1986, terminando sem vencedores nem vencidos.
Não se combatem as tradições com decretos lei. Mas, qualquer tradição pode conter nela códigos e práticas nocivas ou até carregadas de violações de direitos fundamentais e genericamente atropelos graves à dignidade humana para as sociedades modernas, em especial para as mulheres da sociedade moçambicana actual, no actual estágio de desenvolvimento. Mas, por outro lado, podem conter códigos que beneficiam franjas de cidadãos fragilizados pela sua condição, particularmente as mulheres em determinados contextos.
Nesse sentido, o Autor interpela-nos e motiva-nos à reflexão profunda sobre uma realidade que existe e que não pode jamais ser ignorada.
Cabe-nos a nós leitores, fazer a escolha subjectiva entre o que é nocivo e o que é benéfico, contribuindo se possível para o debate e para a eliminação, se necessário, de práticas nocivas ou não, que efectivamente podem prejudicar mais do que beneficiar globalmente a sociedade moçambicana, num diálogo sábio e permanente com as tradições.   


DELMAR MAIA GONÇALVES

(ESCRITOR e PRESIDENTE DO CÍRCULO DE ESCRITORES MOÇAMBICANOS NA DIÁSPORA – CEMD) 

Jornalista Shirley M. Cavalcante (SMC) entrevista escritor Delmar Gonçalves


Delmar Maia Gonçalves nasceu a 5 de Julho de 1969 em Moçambique. É Membro do Júri do I Concurso Internacional de Escritores Infanto-Juvenis “La Atrevida” e Presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora. Também é membro do Conselho Cultural da Associação Cultural e Artística Portugal-Lituânia e Membro da direção do Movimento Internacional Lusófono. Livros Publicados: Moçambique Novo, o EnigmaMoçambiquizandoAfrozambeziando Ninfas e DeusasMestiço de Corpo Inteiro; Entre dois rios com margenswww.delmarmg.tk.


1.      Prezado escritor Delmar Gonçalves para nós é um prazer contar com a sua participação no projeto Divulga Escritor. Conte-nos o que mais lhe atrai na escrita literária? O que o motiva a escrever?

DMG: O que mais me atrai na escrita literária é o eterno namoro do Poeta com as  palavras. Os escritores buscam a eternidade delas e não se cansam nunca da virtude da beleza e do espanto! O que me motiva a escrever é o sentimento grato de estar vivo e viver. Sobreviver  apenas , não é justo! A poesia da vida não aceita! Depois, o vínculo da minha escrita ao útil. A literatura come-se, porque nos alimenta o corpo e a alma eliminando as gorduras desnecessárias.


2.      Que temas você aborda em seu livro “Moçambique Novo, o Enigma”?

DMG: No livro MOÇAMBIQUE NOVO, O ENIGMA, meu país que é efectivamente um enigma é o tema central do livro. Seus dramas, tristezas, alegrias, vitórias e derrotas estão presentes.


3.      Como surgiu a ideia de escrever seu livro “Moçambiquizando”? Como foi a escolha do Título?

DMG: No fundo, a continuação de um exercício de moçambicanidade co “MOÇAMBIQUIZANDO”. Uma espécie de dança, uma celebração do meu país. Uma necessidade de abraçar o meu país! O título para mim diz sempre muito. Mas, este saiu naturalmente para perpetuar minha relação especial com ele!


4.      “Afrozambeziando Ninfas e Deusas” Em quanto tempo você escreveu este livro? Que temas você aborda nesta obra?

DMG: Não faço ideia. Fui escrevendo e não dei pelo tempo. A escrita absorve-me sem me cansar. Nesta obra o tema central é a mulher. A mulher Africana, a mulher Moçambicana, a mulher mãe, a amante, a prostituta ou a Deusa.


5.      Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas?

DMG: Escrevo por puro prazer. Não escrevo a pensar no público. Nessa medida, não escolho público alvo. Mas como é óbvio, gostaria de ser lido por todos e em especial por aqueles que não compreendem o que é ser emigrante, imigrante forçado ou exilado e viver na diáspora, fora da sua pátria! A minha mensagem é de paz, verdade, humanismo, irreverência, coragem e fraternidade universal.

6.      Escritor Delmar de que forma você divulga, hoje, o seu trabalho?

DMG: Divulgo através de entrevistas às rádios, televisões, revistas, jornais, participação em eventos culturais nacionais ou de cariz internacional, sites, blogues e das redes sociais.

7.      Onde podemos comprar os seus livros?

DMG: Em diversas livrarias de Lisboa, em Sites de livrarias Portuguesas  e espanholas online, de editoras, no meu Site pessoal e do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora.


8.      Você hoje é presidente/representante de várias entidades literárias, conte-nos quais seus principais objetivos ao Representar estas entidades? De forma resumida quais as principais  atividades que vocês desenvolvem? Quem pode participar?

DMG: Ao representar várias entidades literárias pretendo apenas intensificar e formalizar meu vínculo e paixão eternos com a literatura, promovendo-a e promovendo velhos e novos autores, uns mais reconhecidos, outros menos, uns mais mediáticos outros não! Promovemos um Encontro anual, uma Gala trianual, uma Revista do Encontro, Revistas Culturais mensais, Tertúlias de Poesia regular e Encontros mensais com escritores e poetas. A participação é sempre aberta a todos independentemente da sua nacionalidade. Participam essencialmente poetas, escritores (ensaístas, cronistas, romancistas, contistas), jornalistas, artistas plásticos e críticos literários. Atribuímos um Reconhecimento anual a um Escritor/ Poeta e outro a um Artista Plástico. E  escolhemos Sócios Honorários que contribuem para a cooperação e o intercâmbio Lusófonos.


9.      Que diferenças literárias você citaria entre o mercado literário de Portugal e mercado literário de Moçambique?

DMG: O mercado literário português é muito mais competitivo, há muito mais oferta de autores e livros. Há mais hipóteses de escolha. O mercado moçambicano verifica-se estar em franco crescimento, com muitos autores de qualidade, mas com limitações na área editorial , que ainda carece de muito financiamento e alguma dependência do mecenato cultural. Acredito no futuro da literatura moçambicana que não se resume aos quatro ou cinco autores de que se vai falando de forma insistente. Há muitos mais e com enorme qualidade. Alguns deles muito jovens e que merecem todo o carinho e apoio, bastando que apostem neles.


10.  Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escritor Delmar Gonçalves, que mensagem você deixa para nossos leitores?

DMG: Quero deixar um grande e fraterno abraço aos leitores do Projeto DIVULGA ESCRITOR e para quem não conhece bem a LITERATURA MOÇAMBICANA, que ultrapassa as fronteiras geográficas de Moçambique, procure aprofundar esse escasso conhecimento e tornar-se-á rapidamente uma enorme paixão!!! Grato abraço SHIRLEY M. CAVALCANTE.