Questiúnculas de desalmados não fazem cair um homem vertical.
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 30 de Outubro de 2008.
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quinta-feira, 21 de maio de 2009
domingo, 17 de maio de 2009
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Diário de Mim
Em Lisboa
passeio pelo atrium
que é uma feira de vaidades
que ecoa
dos copos beijados
por lábios carregados
de sensual batôn
gostos e sabores se entrecruzam
"Espelho meu, espelho meu
quem é mais linda do que eu?"
continuo divagando nocturno
vagabundeando
sem soltar os meus cães negros
passeio pelo Chiado
e aprecio o desfile da vaidade
a sublime vaidade
de corpos curvilíneos
cada um melhor ainda
que outro
olhares indiscretos se entrecruzam
uns na defensiva
outros convidativos
o dinheiro não pára de circular
as carteiras mirram
de tanta solicitação
a cada passo
algo novo, diferente
"Espelho meu, espelho meu
Quem é mais linda do que eu?"
Quem pára
este combóio
que não tem travão?
Que magia é esta
que nos mantêm atados
e impotentes?
Que magnetismo é este
que nos atrai e convida
permanentemente?
passeio pelo
Cais do Sodré
onde termina
a passerelle
e o desfile aí
não é de vaidades
é de predadores
e presas.
Presas fáceis e predadores!
Em que o euro
fala mais alto.
Parece não haver
distinção entre
rostos e corpos
tudo o que vem à rede é peixe!
dirão os predadores.
Eu quero é sobreviver!
pensarão as presas fáceis.
Que impotência é esta
que nos mantém prisioneiros?
Que crença é esta
num fatalismo que não é?
Não haverá mesmo
outra saída?
Delmar Maia Gonçalves
Lisboa, 17 de Dezembro de 2005.
passeio pelo atrium
que é uma feira de vaidades
que ecoa
dos copos beijados
por lábios carregados
de sensual batôn
gostos e sabores se entrecruzam
"Espelho meu, espelho meu
quem é mais linda do que eu?"
continuo divagando nocturno
vagabundeando
sem soltar os meus cães negros
passeio pelo Chiado
e aprecio o desfile da vaidade
a sublime vaidade
de corpos curvilíneos
cada um melhor ainda
que outro
olhares indiscretos se entrecruzam
uns na defensiva
outros convidativos
o dinheiro não pára de circular
as carteiras mirram
de tanta solicitação
a cada passo
algo novo, diferente
"Espelho meu, espelho meu
Quem é mais linda do que eu?"
Quem pára
este combóio
que não tem travão?
Que magia é esta
que nos mantêm atados
e impotentes?
Que magnetismo é este
que nos atrai e convida
permanentemente?
passeio pelo
Cais do Sodré
onde termina
a passerelle
e o desfile aí
não é de vaidades
é de predadores
e presas.
Presas fáceis e predadores!
Em que o euro
fala mais alto.
Parece não haver
distinção entre
rostos e corpos
tudo o que vem à rede é peixe!
dirão os predadores.
Eu quero é sobreviver!
pensarão as presas fáceis.
Que impotência é esta
que nos mantém prisioneiros?
Que crença é esta
num fatalismo que não é?
Não haverá mesmo
outra saída?
Delmar Maia Gonçalves
Lisboa, 17 de Dezembro de 2005.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Resposta ao Mestre José Craveirinha
Sabe Mestre…
Hoje os peidas gordas
Já não tem cor nem raça
E no entanto a táctica de por K.O.
Essa espécie com um punch
Ao primeiro round
Aumentou consideravelmente
E garanto-te também mestre
Que já existem mais peidas…
Os peidas magras
E os peidas minguadas
De tanta ignorância instalada
Já se confundem
E fundem,
Joe Louis
Com Max Schmelling
E os Skin Head’s, Neonazis emprestados,
Apregoando nacionalismos exacerbados
Fazem vendettas urbanas
Organizando linchamentos surpresa de negros e gays
E os tribunais de tão democráticos
Libertam-nos sob caução ou já com pena suspensa
E no final ficamos todos a perder,
A perder no evoluir
Da regressão, alguma humanidade
E ficamos sem um pingo de vergonha!
Delmar Maia Gonçalves
Lisboa, 10 de Setembro de 2007.
Hoje os peidas gordas
Já não tem cor nem raça
E no entanto a táctica de por K.O.
Essa espécie com um punch
Ao primeiro round
Aumentou consideravelmente
E garanto-te também mestre
Que já existem mais peidas…
Os peidas magras
E os peidas minguadas
De tanta ignorância instalada
Já se confundem
E fundem,
Joe Louis
Com Max Schmelling
E os Skin Head’s, Neonazis emprestados,
Apregoando nacionalismos exacerbados
Fazem vendettas urbanas
Organizando linchamentos surpresa de negros e gays
E os tribunais de tão democráticos
Libertam-nos sob caução ou já com pena suspensa
E no final ficamos todos a perder,
A perder no evoluir
Da regressão, alguma humanidade
E ficamos sem um pingo de vergonha!
Delmar Maia Gonçalves
Lisboa, 10 de Setembro de 2007.
A Solidão
Um famoso cantor francês afirmou numa das suas canções: "A solidão não existe".
No entanto, esta mensagem de esperança não convence os que diariamente se confrontam com esta triste realidade.
Há muito sofrimento no Mundo, mas o maior é sentir-se só. Estar só representa para muitos deles um pesadelo. O Homem tornou-se cada vez mais egoísta e insensível. Com efeito, há que destacar o apoio humanitário que tem sido prestado a Moçambique pelos países ocidentais e que lamentavelmente o fazem desinteressadamente.
A fome é um problema cuja resolução está no diálogo e cooperação entre os países desenvolvidos e os chamados países do Terceiro Mundo. Mas não será certamente com a ajuda alimentar de emergência que se combaterá a fome.
Há que elaborar programas de desenvolvimento agrícola concretos que levem à resolução definitiva deste problema. Mas para que isso aconteça é necessário que os países desenvolvidos se empenhem de forma tão interessada quanto os países destinatários dessa mesma cooperação. As fictícias divergências ideológicas devem ser postas de lado em nome da dignidade do Homem.
Moçambique, país potencialmente rico em termos agrícolas, necessita de ajuda alimentar de urgência em virtude da guerra de destabilização que lhe é movida, mas também necessita de toda a compreensão e cooperação para a sua realidade específica.
"Por favor, não deixem que o povo moçambicano se sinta só!"
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 15 de Fevereiro de 1989
in Jornal quinzenário "Africa"
No entanto, esta mensagem de esperança não convence os que diariamente se confrontam com esta triste realidade.
Há muito sofrimento no Mundo, mas o maior é sentir-se só. Estar só representa para muitos deles um pesadelo. O Homem tornou-se cada vez mais egoísta e insensível. Com efeito, há que destacar o apoio humanitário que tem sido prestado a Moçambique pelos países ocidentais e que lamentavelmente o fazem desinteressadamente.
A fome é um problema cuja resolução está no diálogo e cooperação entre os países desenvolvidos e os chamados países do Terceiro Mundo. Mas não será certamente com a ajuda alimentar de emergência que se combaterá a fome.
Há que elaborar programas de desenvolvimento agrícola concretos que levem à resolução definitiva deste problema. Mas para que isso aconteça é necessário que os países desenvolvidos se empenhem de forma tão interessada quanto os países destinatários dessa mesma cooperação. As fictícias divergências ideológicas devem ser postas de lado em nome da dignidade do Homem.
Moçambique, país potencialmente rico em termos agrícolas, necessita de ajuda alimentar de urgência em virtude da guerra de destabilização que lhe é movida, mas também necessita de toda a compreensão e cooperação para a sua realidade específica.
"Por favor, não deixem que o povo moçambicano se sinta só!"
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 15 de Fevereiro de 1989
in Jornal quinzenário "Africa"
L'arme Secrete
Dedicado a todos os Jornalistas, Escritores, Poetas, Professores e Intelectuais Africanos, em especial, ao Ricardo de Melo e Vincent Francis de Angola e África do Sul, respectivamente, sem esquecer o meu compatriota Carlos Cardoso.
Voici mon arme
Empoignée à la main droite
Puissante arme
Qui tanis ennemis craignent
C'est ironique
Mais ils la empoignent aussi
Pour des buts divers, c'est clair
Voici mon arme
D'où tout s'espère
Tout de bon et tout de mauvais
Voici mon arme
Qui fait partir
Mais qui ne blesse pas,
Qui promouvoit et dépromouvoit
Voici mon arme
Voici-la ici!
Ici et en ce moment,
Prête a déferler
Des rudes coups sur l'ennemi
Sans cependant tuer.
Voici l'arme
Qu'a toutes les couleurs,
Mais n'laissez pas d'être arme!
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 25 de Julho de 1995.
Voici mon arme
Empoignée à la main droite
Puissante arme
Qui tanis ennemis craignent
C'est ironique
Mais ils la empoignent aussi
Pour des buts divers, c'est clair
Voici mon arme
D'où tout s'espère
Tout de bon et tout de mauvais
Voici mon arme
Qui fait partir
Mais qui ne blesse pas,
Qui promouvoit et dépromouvoit
Voici mon arme
Voici-la ici!
Ici et en ce moment,
Prête a déferler
Des rudes coups sur l'ennemi
Sans cependant tuer.
Voici l'arme
Qu'a toutes les couleurs,
Mais n'laissez pas d'être arme!
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 25 de Julho de 1995.
Séfora
Os grilos cantavam
alegremente
melodias da primavera
Os lírios dançavam ondulando
e Séfora procurava
futuro melhor
acompanhando as melodias
com alegria e cantarolando.
Um dia...
Quando Séfora
retornava a casa
foi impedida para sempre
de dasabrochar
alegremente...!
Contra tudo
e contra todos
um predador humano
havia-se antecipado
impedindo
que a lei da natureza
concretizasse o futuro.
E os grilos cantaram
nesse dia
a melodia mais triste de sempre
e os lírios secaram e arderam
porque Séfora
adormecera para sempre!
Delmar Maia Gonçalves
Carnide, 15 de Maio de 2006.
alegremente
melodias da primavera
Os lírios dançavam ondulando
e Séfora procurava
futuro melhor
acompanhando as melodias
com alegria e cantarolando.
Um dia...
Quando Séfora
retornava a casa
foi impedida para sempre
de dasabrochar
alegremente...!
Contra tudo
e contra todos
um predador humano
havia-se antecipado
impedindo
que a lei da natureza
concretizasse o futuro.
E os grilos cantaram
nesse dia
a melodia mais triste de sempre
e os lírios secaram e arderam
porque Séfora
adormecera para sempre!
Delmar Maia Gonçalves
Carnide, 15 de Maio de 2006.
Ilustração:
"Séfora"
De Fabio Inglese
(Artista Plástico Italiano)
Lisboa, 2007.
Em Timor também há Pulgas
A Pulga
é um bicho
que nos vai
sugando lenta
e sucessivamente
sem nos apercebermos
até minguarmos.
Só sentimos
as suas picadas
de tão indiscretas
que são!
É que...
não gostam
de dar nas vistas!
Ou será
antes...
Não conseguem
deixar de dar
nas vistas?
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 11 de Maio de 2006.
é um bicho
que nos vai
sugando lenta
e sucessivamente
sem nos apercebermos
até minguarmos.
Só sentimos
as suas picadas
de tão indiscretas
que são!
É que...
não gostam
de dar nas vistas!
Ou será
antes...
Não conseguem
deixar de dar
nas vistas?
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 11 de Maio de 2006.
Massacre in Dili
Paquito was sorrow
Paquito was pain
Paquito was hope.
Paquito
Woke up,
Got dressed,
Left.
The telephone rang
It was Clara
A tragedy has taken place
In Dili
There are people dead and injured
There are people imprisoned and missing
There is resistance.
From Paquito
Nobody heard a word
He is missing
Was he killed (?)
I do not know it...
To them
Paquito is dead.
To me
Paquito lives
For
Paquito is resistance
Paquito is Timor
And Timor ... is Life!
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 5 de Maio de 1995.
Paquito was pain
Paquito was hope.
Paquito
Woke up,
Got dressed,
Left.
The telephone rang
It was Clara
A tragedy has taken place
In Dili
There are people dead and injured
There are people imprisoned and missing
There is resistance.
From Paquito
Nobody heard a word
He is missing
Was he killed (?)
I do not know it...
To them
Paquito is dead.
To me
Paquito lives
For
Paquito is resistance
Paquito is Timor
And Timor ... is Life!
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 5 de Maio de 1995.
domingo, 10 de maio de 2009
sábado, 9 de maio de 2009
Carvoeiro
Andei
Pelas ruas
Do Carvoeiro
Qual Ali Babá
Dos Algarves
Marejei
Nas praias
Carvoeiras
E retirei-me discreto
No cume da montanha
Algures na "Casa Roma"
Tal qual
O Guerreiro Solitário
de Alcácer Quibir.
Delmar Maia Gonçalves
Carvoeiro, 2 de Outubro de 2004.
Pelas ruas
Do Carvoeiro
Qual Ali Babá
Dos Algarves
Marejei
Nas praias
Carvoeiras
E retirei-me discreto
No cume da montanha
Algures na "Casa Roma"
Tal qual
O Guerreiro Solitário
de Alcácer Quibir.
Delmar Maia Gonçalves
Carvoeiro, 2 de Outubro de 2004.
Tu e eu
Tu e eu
Unos agora somos!
Já não sou um ser à parte
Já não sou
Um ser à margem de tudo
Para ti
Qual névoa verde esperançosa
E juntos tu e eu
Sobre o interminável oceano
Haveremos de pairar
Até que a vida, doce vida
Apadrinhe o dia no encontro
com a noite
E adormeça a noite no
Reencontro com o dia!
Delmar Maia Gonçalves
Lisboa, 15 de Março de 2007 .
Ilustração:
"Tu e eu"
De Vera Novo Fornelos
(Poetisa e Artista Plástica)
Viana do Castelo, 2007.
Timor...
Pays de rêve
Aussi de realité
Pays d'espérance
Appelé désespoir
Pays de Joie
Transformé
en souference
Pays martyr
Peuple humillé
Pays annexé
sol brulé
Pays de paix
en guerre silencié.
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 5 de Julho de 1990.
Aussi de realité
Pays d'espérance
Appelé désespoir
Pays de Joie
Transformé
en souference
Pays martyr
Peuple humillé
Pays annexé
sol brulé
Pays de paix
en guerre silencié.
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 5 de Julho de 1990.
Coincidences
Viens à moi sculpture
je suis sculpteur.
Viens à moi peinture
je suis peintre.
Viens à moi prose
je suis prosateur.
Viens à moi poesie
je suis poète.
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 26 de Dezembro de 1994.
je suis sculpteur.
Viens à moi peinture
je suis peintre.
Viens à moi prose
je suis prosateur.
Viens à moi poesie
je suis poète.
Delmar Maia Gonçalves
Parede, 26 de Dezembro de 1994.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Life is dead in Nicoadala
The day is peaceful
It does not rain, nor it drizzles
The sun is up
A burning sun.
The fields are dry
The grass owns the land
There are no men around,
nor birds, nor fruits
There is no life.
The silence rules
A deadly silence.
In Nicoadala
Time has stopped
And life is dead.
Delmar Maia Gonçalves
25 de Junho de 1988.
Ilustração:
"Vida morreu em Nicoadala"
De Fernando Oliveira
(Professor de História e Artista Plástico)
Maio de 2008.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Dúvida
Porque será que se reage
com indiferença
à morte de 50 iraquianos
e se chora e lamenta
a morte de um americano?
Não somos nós todos
feitos do mesmo pó?
Delmar Maia Gonçalves
Madorna, 27 de Março de 2007.
com indiferença
à morte de 50 iraquianos
e se chora e lamenta
a morte de um americano?
Não somos nós todos
feitos do mesmo pó?
Delmar Maia Gonçalves
Madorna, 27 de Março de 2007.
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