segunda-feira, 31 de julho de 2017

A infancia



"A infancia é o centro crucial do furacán da vida."


[traduzido por Manuel Miragaia Doldan]





"A infância é o centro crucial do furacão da vida."


Delmar Maia Gonçalves

SILÊNCIO



SILÊNCIO

Na opresión hai un silencio intensamente ruidoso


[traduzido por Manuel Miragaia Doldan]




SILÊNCIO

Na opressão há um silêncio intensamente ruidoso.



Delmar Maia Gonçalves

FUNERAL DA VERDADE


FUNERAL DA VERDADE

Nai!
Vou
ao funeral
da verdade
Que a mentira
é o rostro
dos homes
que plantan
a cidade!


[traduzido por Manuel Miragaia Doldan]




FUNERAL DA VERDADE

Mãe!
Vou
ao funeral
da verdade
Que a mentira
é o rosto
dos homens
que plantam
a cidade!


Delmar Maia Gonçalves




Ah! Se eu poidese

Ah! Se eu poidese
Se eu poidese medir a miña
indiferenza
Ah! Se eu poidese
Entón si, quizá fose un
Poeta de "vanguarda"
Daqueles que
escriben
lonxe de todo, sobre todo
Daqueles que escriben pedra
no canto de corpo
Daqueles que parecen fríos
e son o que parecen
Mais estar aqui non é iso
e eu estou aquí.


[traduzido por Manuel Miragaia Doldan]



Ah!Se eu pudesse
Se eu pudesse medir a minha
indiferença
Ah!Se eu pudesse
Então sim, talvez fosse um
Poeta de "vanguarda"
Daqueles que
escrevem
longe de tudo, sobretudo
Daqueles que escrevem pedra
em vez de corpo
Daqueles que parecem frios
e são o que parecem
Mas estar aqui não é isso
e eu estou aqui.



Delmar Maia Gonçalves


sexta-feira, 14 de abril de 2017

ИЗГНАННИК ИЗ АФРИКИ Я

ИЗГНАННИК ИЗ АФРИКИ Я

отверженный
в поиске
гавани тихой


(Poema traduzido por Tatiana Karpechenko)

__________


NÁUFRAGO FRICANO

Sou um náufrago
em busca
de porto seguro!



Delmar Maia Gonçalves

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Mulato

MULATO

Kia kondiĉo
Estas ĉi tiu
Esti ĉi estulo...!
Por esti plene Afrikana
Mi devas konsenti esti
Kio mi ne estas
Por esti tute Eŭropana

Devas mi ŝajnigi kaj
provi esti tio kio
mi ne estas
Kia dilemo ĉi tia
esti tio
kio mi estas
 estanta tio kio mi ne estas!





Poesia de Delmar Maia Gonçalves
traduzido para Esperanto por
João José Santos


Lisboa, 2016-03-22






MESTIÇO

Que condição
Esta de ser
O que sou…!
Para ser Africano pleno
Tenho de admitir ser
O que não sou
Para ser Europeu de corpo inteiro

Tenho de fingir e
Procurar ser o que
Não sou
Que dilema este
De ser
O que sou
Sendo o que não sou!

Vulkano

VULKANO

Estas Vulkano en erupcio
Ene de mi
Estas krateroj kaj grotoj profundaj
Formitaj el sango kaj lafo!
La reliefo de mia spirito
 Havas pli da pikoj ol pintoj!




Poesia de Delmar Maia Gonçalves
traduzido para Esperanto por
João José Santos


Lisboa, 2016-03-22






VULCÃO

Há um Vulcão em erupção
Dentro de mim
Há crateras e grutas profundas
Formadas de sangue e lava!
O relevo do meu espírito
Tem mais picos que cumes!

Homoino

HOMOINO

En Homoino
Destiliĝas larmoj
En vaporo
De tempo
  De kugloj.




Poesia de Delmar Maia Gonçalves
traduzido para Esperanto por
João José Santos


Lisboa, 2016-03-22






HOMOÍNE

Em Homoíne
Destilam-se lágrimas
No vapor
Do tempo

Das balas.

sábado, 4 de abril de 2015

Sobre a ANTOLOGIA POÉTICA “NA MARGEM DO SILÊNCIO E ALGUMA ABSTRACÇÃO”

POSFÁCIO
Sobre a ANTOLOGIA POÉTICA “NA MARGEM DO SILÊNCIO E ALGUMA ABSTRACÇÃO”

Uma Jornada poético-literária dos afectos de longo curso
Pediu-me o Poeta LINO MUKURRUZA que escrevesse um posfácio desta interessante Antologia. Uma grande empreitada que assinalo, de que muito me orgulho e me apraz registar.
Sem querer diminuir ou excluir ninguém, pois são todos igualmente importantes e indispensáveis e sendo um espírito livre, destacaria sem dúvida a nova vaga de jovens escritores e poetas Moçambicanos que representam inegavelmente o porvir da Literatura Moçambicana : MUKURRUZA ( o idealizador  e coordenador da obra), que bons olhos o vejam e guardem; TARUMA ; ARIJUANE; QUIVE; MUCAVELE; JOSHUA; DAU; LINEU; LEVENE; MILITAR; WAMBIRE, entre outros (kanimambo vida que os trouxe aos meus sentidos), cuja  verve revolve as entranhas da Moçambicanidade e “revoluciona” e  renova a poética Moçambicana  e quiçá das comunidades que se expressam na  Língua Portuguesa escrita e também  falada e cantada.
ANDRÉ BRETON tinha razão quando afirmou insistentemente que a escrita automática é um dos meios mais seguros para devolver à palavra a sua inocência e o seu poder criador original. Já os Poetas VIRGINIA WOOLF e RAINER MARIA RILKE haviam falado dessa necessidade.
E como precisamos de um olhar despretensioso, descomplexado, renovado, renovador e desempoeirado na poesia…! Alguém duvida?
Basta ler, escutar, sentir e conseguimos ver.
Como disse ABDUL KARIM “Um anarquismo integral de produção natural, será a forma que se antevê irá ser escolhida pela humanidade emancipada.”
Todos sabemos que o pensamento globalizante ou globalizado tem sido massivamente impregnado e perversamente estruturado pela lógica do “terceiro excluído”, dito por outras palavras pela lógica da disjunção e da exclusão. Mas nós sabemos também que a vida não deve funcionar segundo esta lógica. Há outros caminhos e a nossa incerteza é a nossa certeza.
Ninguém duvide portanto, digo eu , que a inteligência dos Poetas precisa  de viver num mundo mais amplo do que aquele que nos oferecem.
No fundo a liberdade criativa empurra-nos para a ideia de ANA HATHERLY que afirma “Tornei a minha escrita ilegível, a fim de poder observá-la apenas gestualmente.”É preciso humildade para que tal suceda. Apagar-se sem desaparecer para iluminar a palavra.
Nos cruzamentos encontros, desencontros e reencontros a poesia se faz respiração.
Poeta quer dizer possesso. Não devemos confundir os artistas do verso com os criadores da poesia. Os primeiros interessam somente à Literatura, ao passo que os segundos têm um interesse indubitavelmente vital e universal como uma flor silvestre ou uma estrela polar.
Os jovens Poetas e Escritores Moçambicanos já deram o prolífico grito poético que não é do Ipiranga mas será certamente de Lichinga, de Maputo, de Quelimane, da Beira, de Nampula, de Inhambane, de Xai -Xai, de Tete, de Pemba, de Chimoio e que fraternalmente abraçam como um ciclone de poesia em fogo Angola, Brasil e Portugal.
São estas pontes que potenciam o fluir frutuoso das margens onde se juntam vozes, discursos e sensibilidades múltiplas e diversas ligando três continentes (África, América e Europa). A palavra escrita será sempre ouro para o futuro se a semente for lançada em território fértil. Que a poesia fale e cante sobre o milagre criativo e da vida que é magia pura e transparência enigmática.
Embora como vate moçambicano na diáspora reconheça que meu barco navega sem proa tal como a fértil e prolífica poesia Moçambicana de que me reivindico migalha, é órfã de três bússolas icónicas incomparáveis: NOÉMIA DE SOUSA, JOSÉ CRAVEIRINHA e EDUARDO  WHITE. Mas são essas mesmas bússolas que servem de orientação para que as pontes aconteçam e fluam em jangadas de poesia em brasa, como esta Antologia cujo mérito deve ser atribuído por completo ao vate MUKURRUZA. Indiscutivelmente somos sem rebuço o que comemos.
Ficará pois nas encruzilhadas o aviso às opiniões e juízos de críticos altivos e pretensiosos que se autodenominam eruditos, de que a poesia não tem amos. O que vem da alma criativa não pode ser acelerado desregradamente em lume brando mas também não pode ser precocemente cerceado da liberdade do parto. Como disse o Poeta Português ANTÓNIO MARIA LISBOA : “A seta já contém o alvo, mas só percorre a seta aquele que lhe conhece o alvo ; assim é de olhos vendados que o grande atirador alveja.”
Ninguém é marginal ou paralelo a nada, principalmente na Literatura.
Bayete Poetas!
DELMAR MAIA GONÇALVES
(ESCRITOR e PRESIDENTE DO CÍRCULO DE ESCRITORES MOÇAMBICANOS NA DIÁSPORA)


Sobre "Contando até Dez" de Rejane Machado


A obra “CONTANDO ATÉ DEZ” de REJANE MACHADO, uma Escritora Carioca, navega tranquilamente pelos turbulentos mares da crítica literária, percorre serena as pistas pacíficas da autoajuda, vagueia docemente pelo território das receitas culinárias e desagua nas crónicas de vida revelando o prazer de quem escreve e voa livre degustando, e bem, as palavras, uma espécie de ladrilhadora da palavra. Opção, decerto,  arriscada, mas calculada e acertada.
Nas suas sábias palavras, propositadamente e pela primeira vez não se esconde por detrás de personagens que vai inventando, reinventando, criando e recriando na sua já longa, vasta e prolífica produção literária.
Valerá a pena descobri-la e redescobri-la nos múltiplos caminhos que percorre.
É que há palavras que são como os seixos; há palavras que são como o mar. E o mar como sabeis chega ao infinito.
Muito haveria a dizer sobre a obra e a autora mas “as palavras são tão densas que prefiro suprimi-las”.
Bayete.

DELMAR  MAIA GONÇALVES
(ESCRITOR E PRESIDENTE DO CÍRCULO DE ESCRITORES MOÇAMBICANOS NA DIÁSPORA)