quinta-feira, 30 de abril de 2009

TO REMEMBER TIMOR

Timor...
Land of dream
and reality as well
Land of hope
named despair
Land of joy
changed into suffering
Land of martyrs
humiliated people
Land of invasion
of burned soil
Land of peace
silenced in war.

Delmar Maia Gonçalves
Parede, 5 de Julho de 1990.

The Story of Paquito

To the anonnymous heroes of East-Timor

Paquito was born
and with him hope
Paquito grew up
and with him the invasion.
Paquito was killed
but he lives
For
Paquito is me
Paquito is you
Paquito is all of us

Paquito is Timor
claiming for Justice.

Delmar Maia Gonçalves
Parede, 5 de Maio de 1995.
Entre o ser
E o não ser,
Não existe senão
A ilusão do Ser!
E a ilusão do Ser
É tão vital
Como o próprio ser.

Delmar Maia Gonçalves
Lisboa, 20 de Maio de 2007.

sábado, 25 de abril de 2009

Lembrar Timor

Timor...
Terra de sonho
E também de realidade.
Terra de esperança
Chamada desespero.
Terra de alegria
Transformada em sofrimento.
Terra mártir
De povo humilhado.
Terra anexada
De solo queimado.
Terra de paz
Em guerra silenciada.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Moçambique - Carta Aberta

Carta Aberta aos Presidentes Chissano e Dhlakama



Caros Senhores Presidentes da República de Moçambique, Joaquim Alberto Chissano, e da RENAMO, Afonso Marceta Dhlakama.
É como cidadão africano, moçambicano e católico, de alma e coração, que pensei dirigir-me a Vós, Homens Fortes de Moçambique (não sei se feliz ou infelizmente!).
Sim, a Vós que iniciastes uma guerra fratricida, sim a Vós que assinaste o histórico acordo de paz em Roma, a cidade eterna.
E é a pensar na tragédia do povo irmão de Angola, que quero recordar-vos que a ânsia de poder nos leva sempre a cometer erros e a perder o senso, caminhando para a auto-destruição e arrastando connosco gente inocente.
O egoísmo leva-nos à irracionalidade.
Não creio que Vós tenhais perdido o senso ou que vos tenhais tornado egoístas.
Quero recordar-vos que as lutas que se travaram em Moçambique, até agora, foram contra o colonialismo e até prova em contrário, pela democracia.
Se Vós pegardes de novo em armas será por quem, para quê e porquê?
Será pelo Povo? Mas como, se o Povo em nada beneficia com a guerra?
Será pela Democracia? Mas como, se ela encontra expressão máxima, nas urnas, na votação popular e nunca na guerra?
Será pelo Poder? Será pelos previlégios? Ah! Então se é isso, lutem! Mas que o façam sem armas, que o façam democraticamente, que falem ao Povo, que apresentem as Vossas propostas e projectos, que reconheçam opositores e oposições, que reconheçam o direito à diferença, que reconheçam que só o Povo é o Vosso principal aliado e opositor.
Sem o Povo não há Democracia, e sem Democracia não há Paz. E não se esqueçam que só com a Paz chega o desenvolvimento!
Quanto aos previlégios, recordo-vos que estes são um complemento do poder.
Mas espero, naturalmente, que estes nunca se sobreponham aos interesses do Povo e da Nação.
Aguardai pela escolha e "julgamento" do Povo, depois podeis pensar nos previlégios, nas responsabilidades, nos deveres e obrigações.
Que Deus Vos ilumine sempre!

Um abraço cordial do vosso compatriota,

Delmar Maia Gonçalves
Madorna, 29 de Abril de 1993.
in "Africa Hoje"

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Vida morreu em Nicoadala


O dia está calmo.
Nem chove, nem chuvisca.
Está sol,
Um sol que queima.

Os campos estão secos,
o capim é dono da terra.
Não se vislumbram homens,
nem pássaros, nem frutos.
Não se vislumbra vida.

Reina o silêncio,
um silêncio de morte.

Em Nicoadala
o tempo parou
e a vida morreu.

Delmar Maia Gonçalves
27 de Junho de 1988.

Ilustração:
"Vida Morreu em Nicoadala"
De Fernando Oliveira
(Professor de História e Artista Plástico)
Maio de 2008.

Receios

Tenho medo...
Tenho medo
do silêncio profundo
das noites
Tenho medo
de escutar alguém
em voz alta
Tenho medo
de um fantasma
que penetra na noite
Tenho medo
de dar um grito abafado
Tenho medo!


Delmar Maia Gonçalves
Quelimane, 7 de Dezembro de 1984.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Mulher IX

Basta um olhar
para te sentir.
Basta um sorriso
para te compreender.

Delmar Maia Gonçalves
Carcavelos/Parede, 19 de Fevereiro de 2001.

domingo, 12 de abril de 2009

O rosto da Morte em Namacurra

Em Namacurra
vi um avião
que não tinha asas
e um carro
sem rodas.
Ambos tentaram
sobreviver.
Mas em vão!
Abraçaram
a morte
infalivelmente.

Delmar Maia Gonçalves
Parede/Monte Estoril, 2 de Setembro de 2003.

sábado, 11 de abril de 2009

Mulher II

Quero alcançar-te
Ser-te fiel
Algo me impede
Sinto-o
Talvez seja parte do meu ser
Desconfiado e prudente
Talvez te ame demasiado
Para te querer
Prefiro estar só
Perdoa-me ser infame e maravilhoso

Delmar Maia Gonçalves
Parede, 21 de Dezembro de 1994.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Maioridade

Quando atingir
A maioridade
Vou rir-me
Do Mundo!


Delmar Maia Gonçalves
Lisboa, 14 de Dezembro de 2006.
(Inédito)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Conhecer o mundo
Eis o meu fado
De nada vale
Remar contra o vento!

Delmar Maia Gonçalves
Porto, 19 de Fevereiro de 2007.
(Inédito)
Açambarcaste
Minha Alma
Ela está possuída
De infinitudes tuas!

Delmar Maia Gonçalves
Viana do Castelo, 31 de Março de 2007.
(Inédito)
Eu nunca
Fui soldado
Nunca usei
Farda
Mas usei
A arma do poeta
A arma do verso

Eles Disparam
Balas

Eu Disparo
Versos

Não carrego
No gatilho
Mas empunho
A pena!

Delmar Maia Gonçalves
Lisboa, 3 de Julho de 2007.
(Inédito)
Como um andarilho
Ando em busca
De porto seguro!

Delmar Maia Gonçalves
Porto, 19 de Fevereiro de 2007.

Adeus? Até sempre!

Ao Fernando Pinto Ribeiro

De nada vale
Chorar tua partida.

De nada vale
Chorar tua ausência definitiva e inútil.

De nada vale
Chorar uma notícia antecipadamente anunciada.

Consola-me enfim
Escutar tua voz imortalmente amiga e infinita

Sentir tua fraterna amizade sem fronteiras
Sentir tua genuína simplicidade pulsar
Sentir teu gesto singular de inclusão
Contra todas as exclusões
Sentir teu grito silencioso e profético
Da poesia para os poetas.

Poetarás mares contra mares
Para um reencontro de mar aberto imortal
Na solidão da morte anunciada e para
A eternidade das outras vidas!

Delmar Maia Gonçalves
Lisboa, 20 de Fevereiro de 2009.
(Inédito)