segunda-feira, 20 de abril de 2009

Moçambique - Carta Aberta

Carta Aberta aos Presidentes Chissano e Dhlakama



Caros Senhores Presidentes da República de Moçambique, Joaquim Alberto Chissano, e da RENAMO, Afonso Marceta Dhlakama.
É como cidadão africano, moçambicano e católico, de alma e coração, que pensei dirigir-me a Vós, Homens Fortes de Moçambique (não sei se feliz ou infelizmente!).
Sim, a Vós que iniciastes uma guerra fratricida, sim a Vós que assinaste o histórico acordo de paz em Roma, a cidade eterna.
E é a pensar na tragédia do povo irmão de Angola, que quero recordar-vos que a ânsia de poder nos leva sempre a cometer erros e a perder o senso, caminhando para a auto-destruição e arrastando connosco gente inocente.
O egoísmo leva-nos à irracionalidade.
Não creio que Vós tenhais perdido o senso ou que vos tenhais tornado egoístas.
Quero recordar-vos que as lutas que se travaram em Moçambique, até agora, foram contra o colonialismo e até prova em contrário, pela democracia.
Se Vós pegardes de novo em armas será por quem, para quê e porquê?
Será pelo Povo? Mas como, se o Povo em nada beneficia com a guerra?
Será pela Democracia? Mas como, se ela encontra expressão máxima, nas urnas, na votação popular e nunca na guerra?
Será pelo Poder? Será pelos previlégios? Ah! Então se é isso, lutem! Mas que o façam sem armas, que o façam democraticamente, que falem ao Povo, que apresentem as Vossas propostas e projectos, que reconheçam opositores e oposições, que reconheçam o direito à diferença, que reconheçam que só o Povo é o Vosso principal aliado e opositor.
Sem o Povo não há Democracia, e sem Democracia não há Paz. E não se esqueçam que só com a Paz chega o desenvolvimento!
Quanto aos previlégios, recordo-vos que estes são um complemento do poder.
Mas espero, naturalmente, que estes nunca se sobreponham aos interesses do Povo e da Nação.
Aguardai pela escolha e "julgamento" do Povo, depois podeis pensar nos previlégios, nas responsabilidades, nos deveres e obrigações.
Que Deus Vos ilumine sempre!

Um abraço cordial do vosso compatriota,

Delmar Maia Gonçalves
Madorna, 29 de Abril de 1993.
in "Africa Hoje"

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