sexta-feira, 3 de abril de 2015

ROSA VAZ - A CULTORA DOS AFECTOS




ROSA VAZ – A PINTORA CULTORA DE AFECTOS
DA ARTE AO ELOGIO
Escrevo eu, um vate Moçambicano encalhado na velha e histórica OLISIPO sobre a autenticidade dos feitiços da arte da pintura e cerâmica de um imbondeiro Angolano Africano embrenhado na Minhota e também histórica BRACARA AUGUSTA e que dá pelo belo nome de uma flor: ROSA, quase sempre como que “simbolicamente” rodeada de espinhos protectores marcando, desde logo, a diferença.
Na verdade nunca me foi difícil como poeta pôr em prática a arte do elogio com os confrades das artes e vates. Mas como amante da verdadeira arte e da poesia nela contida em especial, aprendi a torcer o nariz, negando o elogio ou julgamento fácil porque sempre odiei a bajulação reinante nesta esfera humana do caos. Uma convencionada e regrada espécie de troca de favores de que me demarco.
É aí que nasce e surge rebelde e livre, com asas, a crítica sincera mas invariavelmente vertical, séria, descomprometida e rigorosa. A arte pela arte.
Separe-se, pois, o trigo do joio , que nem tudo é arte nem tudo é poesia e nem tudo é engenho e excelência. Ah, mas aqui há e é das entranhas de África!
Ao olhar para a pintura desta “feiticeira” das policromias encantatórias da África e da Angola profundas lembro-me por deferência da poesia das cores dos Mestres da pérola do Índico ROBERTO CHICHORRO e BERTINA LOPES e da policromia geométrica do Mestre Angolano ELEUTÉRIO SANCHES. Nada que apague a já longa caminhada criativa singular de autenticidade no estudo, na espontaneidade e perseverança de Rosa Vaz , carregada de uma orgia de cores e tilintar de batuques .
Indiscutivelmente a sensualidade encalorada das mulheres dos trópicos transparece convidando-nos ao deleite e alimentando nosso olhar esfomeado da intensidade da poesia das cores. Lembrando-nos a nós (de outras luas de poesia) que vivemos neste pedaço de céu da generosa Península Ibérica que estamos na Europa, junto ao Atlântico, e que somos orgulhosamente pedaços de pau preto de África disseminados pelo mundo (de onde ambos somos provenientes na geografia humana). Uma diferença que só nos enriquece e ainda mais na Arte.
Os seus trabalhos pictóricos policromáticos de qualidade inegável sintetizam-na e transcendem-na. A poesia das cores, o sonho na poesia, a realidade, a nostalgia e o automatismo psíquico estão indesmentivelmente na origem da concepção de toda a sua obra, quer na pintura quer na cerâmica atingindo a excelência dos Mestres.
O grito da África profunda lá está e não engana.
Bayete.

DELMAR MAIA GONÇALVES
(Escritor e Presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora - CEMD)



1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigada amigo Delmar.É uma honra para mim, receber um elogio numa descrição tão sensível e perfeita da minha pessoa.É um sinal que o meu trabalho tem sido visto e interpretado com muita transparência e profundidade. É esse o real e único sentido da minha caminhada na Cultura.Obrigada amigo! Pessoas como tu, tornam a defesa da Cultura num mar de construções milenares de sabedoria! Rosa Vaz