ROSA VAZ – A PINTORA CULTORA DE
AFECTOS
DA ARTE AO ELOGIO
Escrevo eu, um vate Moçambicano
encalhado na velha e histórica OLISIPO sobre a autenticidade dos
feitiços da arte da pintura e cerâmica de um imbondeiro Angolano
Africano embrenhado na Minhota e também histórica BRACARA
AUGUSTA e que dá pelo belo nome de uma flor: ROSA, quase sempre
como que “simbolicamente” rodeada de espinhos protectores
marcando, desde logo, a diferença.
Na verdade nunca me foi difícil como
poeta pôr em prática a arte do elogio com os confrades das artes e
vates. Mas como amante da verdadeira arte e da poesia nela contida em
especial, aprendi a torcer o nariz, negando o elogio ou julgamento
fácil porque sempre odiei a bajulação reinante nesta esfera
humana do caos. Uma convencionada e regrada espécie de troca de
favores de que me demarco.
É aí que nasce e surge rebelde e
livre, com asas, a crítica sincera mas invariavelmente vertical,
séria, descomprometida e rigorosa. A arte pela arte.
Separe-se, pois, o trigo do joio , que
nem tudo é arte nem tudo é poesia e nem tudo é engenho e
excelência. Ah, mas aqui há e é das entranhas de África!
Ao olhar para a pintura desta
“feiticeira” das policromias encantatórias da África e da
Angola profundas lembro-me por deferência da poesia das cores dos
Mestres da pérola do Índico ROBERTO CHICHORRO e BERTINA LOPES e da
policromia geométrica do Mestre Angolano ELEUTÉRIO SANCHES. Nada
que apague a já longa caminhada criativa singular de autenticidade
no estudo, na espontaneidade e perseverança de Rosa Vaz , carregada
de uma orgia de cores e tilintar de batuques .
Indiscutivelmente a sensualidade
encalorada das mulheres dos trópicos transparece convidando-nos ao
deleite e alimentando nosso olhar esfomeado da intensidade da poesia
das cores. Lembrando-nos a nós (de outras luas de poesia) que
vivemos neste pedaço de céu da generosa Península Ibérica que
estamos na Europa, junto ao Atlântico, e que somos orgulhosamente
pedaços de pau preto de África disseminados pelo mundo (de onde
ambos somos provenientes na geografia humana). Uma diferença que só
nos enriquece e ainda mais na Arte.
Os seus trabalhos pictóricos
policromáticos de qualidade inegável sintetizam-na e
transcendem-na. A poesia das cores, o sonho na poesia, a realidade, a
nostalgia e o automatismo psíquico estão indesmentivelmente na
origem da concepção de toda a sua obra, quer na pintura quer na
cerâmica atingindo a excelência dos Mestres.
O grito da África profunda lá está e
não engana.
Bayete.
DELMAR MAIA GONÇALVES
(Escritor e Presidente do Círculo de
Escritores Moçambicanos na Diáspora - CEMD)
1 comentário:
Obrigada amigo Delmar.É uma honra para mim, receber um elogio numa descrição tão sensível e perfeita da minha pessoa.É um sinal que o meu trabalho tem sido visto e interpretado com muita transparência e profundidade. É esse o real e único sentido da minha caminhada na Cultura.Obrigada amigo! Pessoas como tu, tornam a defesa da Cultura num mar de construções milenares de sabedoria! Rosa Vaz
Enviar um comentário