quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Os Desmobilizados

Antes e depois da concretização do acordo de paz de Roma para Moçambique houve promessas de apoio aos desmobilizados moçambicanos, tanto a nível internacional, como nacional.
Embora partilhe a ideia de que todos temos os mesmos direitos e obrigações perante a lei, reconheço, no entanto, que em muitos casos há uma grande diferença entre a teoria e a prática.
Hoje, em pleno exercício de uma democracia emergente em Moçambique , os desmobilizados continuam numa situação dramática abandonados à sua sorte.
Diz-se que a necessidade aguça o engenho! Mas o que fazer com alguém que só conseguiu resolver os seus problemas diários com a ajuda de armas e que provavelmente só sabe lidar com armas?
Não será correcto também dizer que a necessidade aguça o apetite dos desmobilizados (militares e polícias) pelas armas?
Sempre ouvi dizer que "mais vale prevenir do que remediar", que "o prometido é devido", que "a paz não é a simples ausência de guerra" e que "a paz ou é de todos ou não é de ninguém"!
Chegou a altura de os desmobilizados serem integrados e enquadrados na sociedade moçambicana.
A marginalização, a exclusão, o desprezo, a indiferença, a memória curta, o esquecimento e a ausência de solidariedade, não são os valores por excelência que sempre guiaram os moçambicanos, é pois altura de mudarmos de atitude ou então jamais nos esqueceremos do velho ditado "quem semeia ventos colhe tempestades".

Delmar Maia Gonçalves
In Revista "África Hoje" nº110
Parede, Outubro 1997.

Sem comentários: