O tempo foi curto para um
empreendimento desta dimensão, natureza e responsabilidade, e o nível de
auto-exigência desproporcional. Mas o que fazer? Dizer não? Como resistir ao
apelo da África viva? Como resistir ao apelo da poesia? Como resistir à
fraternidade humana? Como resistir ao apelo da Lusofonia?
A Autora, “mais um precioso
pedaço de pau-preto disseminado pelo Mundo”, nas palavras da malograda e grande
Poeta Moçambicana NOÉMIA DE SOUSA, abraça a Lusofonia como quem se embrenha num
Poema inacabado para finalmente concretizá-lo.
Decifrar seu universo enigmático
e singular, no plano de uma poética subjectiva, torna-nos ainda mais cúmplices
de uma experiência ou conjunto de experiências que envolvem a própria vida.
Mas, não é verdade que cada ser
humano é ele próprio uma ilha nascendo noutras ilhas?
Fica-nos a poética pujante e
pungente de MARGARIDA TAVARES, uma mãe coragem de África, para com ela nos
deliciarmos e descobrirmos também as ilhas que há em nós, individual e colectivamente,
para finalmente redescobrirmos a maravilha da infalibilidade da
interdependência.
Este livro, como a Autora, é de
uma audácia que vale a pena descobrir.
Títulos como “Os líderes
Africanos”, ”Regresso de um Emigrante”, ”Preto”, ”Africana”, ”Crianças
Africanas”, ”Estudantes Africanos”, ”Cabo-Verdiano”, ”Continente Africano”, entre
outros, provam que a África vai pulsando nas diásporas e sugerem o orgulho nas/das
origens, o orgulho de ser Africano e um claro e pujante apelo fraterno da presença
Africana no mundo. Na verdade, tudo o resto estará nas entrelinhas do
subjectivo e secundário, que África não se encerra nunca nas páginas dos livros
e MARGARIDA TAVARES cantá-la-á sempre e enquanto respirar e, ainda mais, sempre
que um Leitor atrevido e sedento devorar esta obra que urge descobrir e
redescobrir.
É fundamental, pois, que cada um
de nós ao lê-lo, olhe bem para dentro de si próprio para adquirir a consciência
da sua magnífica solidão que nos enriquece e enriquecerá sempre na diferença.
África essa continuará a dançar
na autora ao som dos batuques, em nós Leitores e no Mundo, através destes belos,
altivos e fraternais Poemas.
DELMAR MAIA GONÇALVES
(ESCRITOR e PRESIDENTE
DO CÍRCULO DE ESCRITORES MOÇAMBICANOS NA DIÁSPORA – CEMD)
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