terça-feira, 18 de agosto de 2009

Singularidade Africana


Quando carrego no “d”
Alguns doutos ignorantes
Riem-se da inovação
Quando mastigo um “r”
Lá vem a correcção dos
Supostos eruditos
Quando me pronuncio
Moçambicanamente
Alguém expressa
Um sorriso estridente
Quase incontínuo
Deixem-me dar o grito
Que não é do Ipiranga
Mas que o é.
- Caramba!
Escrevo o país de mim
Falo o povo de mim
Falo o espaço que é meu
Canto o canto que é meu.

Ninguém compreende
Minha singularidade
Talvez Camões
Compreendesse
E eu danço nela.
Delmar Maia Gonçalves
Parede/Lisboa, 25 de Agosto de 1993.

Ilustração:
"Singularidade Africana"
De Isabel Carreira
(Artista Plástica, Professora de Literatura Portuguesa e Inglesa e Mestre em Relações Interculturais)
Lisboa, 2006.

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